terça-feira, 31 de julho de 2012

Filosofando em gotas IV

O Cego e o Cego

Um dia, um cego chegou perto de outro cego e disse:
- Há quanto tempo estamos vivendo neste mundo escuro? Você se lembra daquela época em que conhecíamos a luz? Tudo era diferente! Tínhamos a luz mas não tínhamos as pessoas ao nosso redor. Hoje, temos as pessoas que nos acompanham diariamente, sempre há alguém conosco, mas nos falta a luz! O que deveríamos fazer para voltarmos a enxergar?
O outro cego, espantado com as inquietações do amigo disse:
- Você está me fazendo pensar. Na verdade nem me lembro do porque ficamos cegos. Você, meu amigo, que é uma pessoa mais observadora poderia me dizer qual o motivo nos levou a ficar sem ver a luz?
O cego que esperava por um resposta se espantou!!!! Ficando admirado com a profundidade do questionamento do amigo: o motivo da falta de luz.
Então, os dois começaram a conversar e buscar na história o momento exato em que ambos deixaram de ver a luz, e depois de muita prosa chegaram a uma perigosa descoberta: a cegueira era proveniente de um encontro com um ex-companheiro de escola, que ousou dizer ser um condutor de vidas.
Mas, o que é um condutor de vidas? É uma profissão especializada em administrar os bens públicos. Sendo bem administrado os bens sociais todos os envolvidos podem ver a luz, agora, sendo mal conduzido enraizará o escuridão por onde passar.
Então, quer dizer que foi depois daquele encontro que ficamos cegos! E agora, o que fazer? Como poderemos ver a luz novamente? – um cego disse para o outro.
O outro respondeu:
- Resta-nos o diálogo. Pois assim fazendo conseguiremos saber quais são as intenções do nosso ex-companheiro em nos manter cegos. Vamos conversar, trocar idéias... vamos buscar em nossas vida, a resposta para esta interrogação.
Sabemos que eles viviam conversando, este diálogo durou meses. Até que eles chegaram a uma conclusão. Quando víamos a luz, conseguíamos trilhar o nosso caminho, fazer a nossa história. Éramos responsáveis pelos nossos atos, pela nossas vidas, o triste é que não valorizávamos as pessoas. Depois que ele, apoiado pela nossa preguiça, começou a administrar nossas vidas, fomos perdendo a visão, e assim aceitando seus palpites e suas ordens. Não conseguíamos ver nada mesmo, deixávamos a nossa vida em suas mãos, e ele fazia o que queria para o seu proveito pessoal.
Hoje, o tempo mudou, ainda não vemos a luz como antes, mas estamos dispostos a cada dia chegarmos mais perto da claridade. E isto se fez pela transformação de nossas vidas. Hoje, sonhamos, queremos e lutamos! Acreditamos e valorizamos mais os seres humanos. Procuramos ser responsáveis pelas nossas atitudes, queremos ser gente, dotados de liberdade e condições de sermos felizes!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Filosofando em gotas III

A RENÚNCIA

Renunciar não é uma tarefa fácil, exige desapego, segurança, em muitos casos, saber o que quer, ser persistente, ter um olhar além das montanhas.

Renunciar faz parte da vida humana. Vivemos renunciando a todo momento. A grande questão está em como lidamos com as renúncias que fazemos. Se estamos preparados para ela, ou até mesmo se nos preparamos para tal ação.

Renunciar pode apresentar um caminho sem voltas. Por exemplo, de acordo com as tradições da Igreja Católica, quando uma pessoa decide ser padre ela está renunciando a possibilidade de uma vida conjugal oficializada pela própria igreja.

Renunciar pode apresentar a descoberta de novos valores e sabores. Dentre várias possibilidades vou citar um exemplo, quando um casal renuncia a vida sem filhos, permite a possibilidade de conhecer e vivenciar o amor de ser papai e mamãe. E só quem é pai e mãe sabe o que isto significa.

Renunciar pode se tornar um peso, quando o fazemos sem querer. Renunciar pode se tornar uma alívio, quando é conscientemente realizado. Renunciar pode ser tornar fuga, busca, conflito, solução...


Renunciar pode significar um passo que é dado para trás, mas que nos permitirá a distância necessária para grandes saltos. Renunciar significa a coragem de deixar de fazer o corriqueiro em prol de grandes conquistas.  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Filosofando em gotas II

A VAIDADE

A vaidade é um estado de espírito que co-habita a existência humana a séculos. Nela é depositado estilo de vida, de pensamento, de comportamento... em muitos casos se torna a seta que guia as pretensões humanas.

A vaidade não deve ser confundida com cuidado, com a ato de cuidar. Ser cuidadoso é ser zeloso, presente, vigilante... é ter a consciência do que é preciso ser feito, conduzido, da necessidade do próprio ser.

A vaidade é personificada na figura de Narciso, no famoso Mito de Narciso, que basicamente é descrita da seguinte maneira:

Um jovem, Narciso, por se achar tão bonito, forte, vistoso... acredita que não deveria dedicar-se a ninguém, que todos não são dignos da sua companhia, dos seus afetos, da sua pessoa. Em um determinado dia, ao beber água em um lago, deparou-se com a sua imagem sendo refletida no espelho d'água, ficou tão admirado, envaidecido, passando assim, a fixar o seu olhar naquela imagem. Conta a mito, que ele não conseguiu deixar de fitar sua própria imagem, por considerá-la bela demais, até que em um determinado momento ele caiu no lago e morreu afogado.

A vaidade é assim, corrompe a alma humana, direciona para a morte. Não necessariamente a morte física, mas a morte interior do ser, da essência humana. Ela tampa os olhos, promove o egoísmo, deixa o ser insensível. 

Narciso (1594 - 1596), por Caravaggio.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Filosofando em gotas I

A PALAVRA

A palavra mais do que um vocábulo, um registro, uma expressão ortográfica... é também a manifestação do conhecimento, do saber, do desejo, do sonho, do pensamento... nas palavras pode-se concentrar a externalidade da alma, pode-se transfigurar o sujeito.

A palavra caracteriza o clímax da comunicação, a verbalização do ser. Nela, almas se unem, projetos ganham força, a sociedade estreita os seus laços. Mal dita, mata mais que a espada, bem dita alavanca o ser da obscuridade.

A palavra que em si mesma, apenas representa, o que em muitos casos a própria palavra não pode ou não consegue representar em uma palavra.

A palavra que faz da vida uma história que será eternamente registrada. Criando assim, elos que interligam gerações.