terça-feira, 19 de abril de 2016

Artigo de opinião

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIA 17 DE ABRIL

Artigo publicado simultaneamente nos Jornais: Diário de Caratinga, Diário de Manhuaçu e Diário de Teófilo Otoni, nesta terça (19/04).

Historicamente algumas datas tornam-se importantes pelos fatos que elas registram. O dia 17 de abril foi uma delas. Na recente História do Brasil, marcada pelo processo de redemocratização, neste dia iniciou-se o segundo processo de impeachment da História política do nosso país.
Como colaborador deste jornal, cidadão brasileiro e professor, farei algumas considerações, que de acordo com minha visão, acredito serem pertinentes neste momento de reflexão democrática.
Acompanhei, praticamente durante todo o dia, pelo Facebook e WhatsApp uma série de postagens sobre o assunto do domingo: o processo de impeachment da presidente Dilma, que é o tema em questão. Uma das grandes qualidades da verdadeira democracia é o direito à opinião, somos livres para podermos manifestar. Mas parece que isto não está acontecendo de fato entre nós, nas nossas opiniões sejam elas quais forem, é possível observar nas mais diversas postagens muitos comentários mal educados e antidemocráticos. O problema não é comentar e sim a forma como se comenta, cerceando o outro no seu direito de ter e manifestar a sua opinião. Se todos pensassem da mesma forma aí sim seria o grande problema.
Que circo é o nosso Congresso. Aqueles são os nossos representantes escolhidos por nós através do nosso voto. Que nojo! Gritos, xingos, palavras mal colocadas, mal faladas, em alguns momentos a língua portuguesa pensou não pertencer a este país. Ninguém escuta ninguém, barulho, uma zorra. A falta de respeito pelo voto do outro, pela forma como cada um se expressava, demonstrou nitidamente como a nossa Câmara realmente tem a nossa cara.
Deus! Quantas vezes ouvimos esta palavra saindo da boca de cada deputado. A Bíblia e Deus foram usados das mais diversas formas. Parecia Sodoma e Gomorra! Depois ainda querem crucificar o filósofo Nietzsche quando ele fala que os homens mataram Deus.
Sobre a tão sonhada limpeza, não nos enganemos! Mesmo se o processo de impeachment se concretizar ele não será o suficiente. Ainda há muito coisa a ser feita. Nossa tradição política, nossos políticos, não demonstraram querer transformar o país. Pelo visto a nossa luta enquanto cidadãos será imensa, não podemos parar, titubear, ainda há muito coisa para ser feita. Muitagente precisa ser expurgada da vida pública se de fato queremos melhorar as condições sociais da nossa nação.
Em relação ao mérito da questão, não sou jurista, portanto deixarei para as pessoas competentes analisarem, se é que eles conseguem fazer de forma clara também. Todos os dias ouvimos as ditas “interpretações” e com elas a certeza de que no nosso país as leis nos deixam à deriva, pois cada um pensa e interpreta como convém. Assim não há um norte a ser seguido, uma clareza do que realmente pode ou não, daquilo que é certo ou errado.
Mas como brasileiro, no conjunto da obra, é triste vivenciar este momento histórico. É triste ver o nosso país com tanta riqueza natural e humana, ter que passar por tudo isto. Uma pena para nós e futuras gerações!
E termino minhas considerações parafraseando o professor Amédis Germano, da Universidade Federal de Teófilo Otoni: “a votação foi divertida, cômica, circense, atabalhoada, estressante, mal educada, deselegante, ruidosa, furiosa, bravejante, etc. Desfilaram verborragias, discursos dogmáticos ou vazios, insípidos, inodoros – mas não incolores. Ali estavam os vários brasis: de todas as cores, sotaques, mores e sabores. Ali estavam representadas várias profissões, interesses, status e facções.” Resumindo: ali estavam quem nos representa! Ou seria melhor dizer: ali estavam quem nos representa?
Walber Gonçalves de Souza é professor.

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