sábado, 30 de janeiro de 2016

Artigo publicado no Jornal "Diário de Caratinga"

EXEMPLOS QUE MOTIVAM

Passados milhares de anos do início da nossa existência, a humanidade encontra-se num estado de descrença, de desconfiança, de falta de credibilidade sem precedentes. Parece que não nos reconhecemos mais como seres humanos, nossa essência parece estar perdida em meio a tantos casos e ao caos de atrocidades no qual nos encontramos.
Chegamos ao ponto de duvidar da nossa capacidade de sermos bons, e isto fica evidente quando pensamos que sempre que alguém faz alguma coisa é porque  quer algo em troca. Parece não existir mais espontaneidade, solidariedade, zelo ou apreço pelo outro.
O espírito do toma lá da cá parece que a cada dia está se enraizando nas pessoas, criando uma cegueira coletiva, que nos impede de enxergar e acreditar que as coisas podem ser diferentes, que existem pessoas que merecem nossa atenção, nossa credibilidade e que deveriam ser exemplos a serem seguidos, ou na menor das hipóteses, servir de motivação para as nossas atitudes.
Dentro deste contexto vou fazer um pedido a você, caro leitor: dê uma pausa na leitura deste artigo e pegue uma caneta e papel. Liste no mínimo o nome de dez pessoas que você considera bacanas, honestas, que lutam pelos seus objetivos, pessoas amigas, companheiras, aquelas a quem chamamos de “pau para toda obra”, pessoas que merecem o nosso respeito, gratidão; que aos seus olhos trabalham em prol da coletividade, que desenvolvem o bem para o próximo. Não estou pedindo nomes de pessoas perfeitas, pois sei que elas não existem, mas pessoas que podem ser caracterizadas por boa parte dos itens citados anteriormente.
Foi fácil ou difícil encontrar os nomes? Acredito que a sua listagem de nomes foi feita. Imagine agora se pudéssemos juntar todos os nomes que cada um de nós escreveu na própria folha de papel. Penso que formaria uma lista considerável.  Percebem porque não podemos perder a esperança? Pessoas boas existem, mas precisam ser valorizadas. E esta é a grande questão, pois estamos perdendo tempo demais com os problemas, com pessoas que não gostam nem de si mesmas e deixando de lado o valor do mérito, de valorizar e incentivar as pessoas que merecem no mínimo o nosso respeito e gratidão.
Claro que todas as pessoas merecem ser tratadas com dignidade, todas as pessoas merecem milhares de oportunidades, todos nós erramos e podemos e temos o direito de rever nossas posturas e atitudes em prol de dias melhores. Mas ficar eternamente de forma paternalista e assistencialista, cultivando a mediocridade ai já é demais. Nossa sociedade não está suportando isto mais! Haja visto que se gasta mais com um presidiário do que um aluno, um estudante de qualquer escola deste país.
Mas voltando à nossa lista de nomes, vou citar alguns que poderiam estar presentes em muitas das nossas listas individuais, pois com certeza estariam presentes em uma lista coletiva, pois colaboram e muito com toda a sociedade, veja se você concorda comigo?! Começarei com o Dr. Igor, médico conhecido na nossa cidade justamente por ser um médico humano; Carlinhos e Gianny que lideram com muito esforço o Núcleo do Câncer de Caratinga; Vicente Van Gogh, uma pessoa espetacular, um ser humano fantástico; os inspetores da Polícia Rodoviária Federal Vander e Rodrigo Ladeira, que são exemplos de conduta e zelo pela instituição; o prof. Francisco que durante bons anos cuidou como diretor da E. E. Ludgero Alves; os casais: Maria José e Sávio (trabalha na Funasa), Ozéias e Maria, estes residentes no Bairro Floresta e Dezinho e Luiza, moradores do Bairro Esplanada, que souberam em meio à simplicidade educar seus filhos e zelar pela família; Dona Lucinéia do distrito de Santo Antônio do Manhuaçu, mulher guerreira e humana; e não poderia jamais deixar de citar minha mãe, Jeanete, quem a conhece sabe que é merecedora, pois sempre será o meu maior exemplo.
Estariam incluídas na minha lista também as seguintes pessoas: o prof. Lacerda, Angélica Nunes, meu compadre Eflaviano, este sim é pau pra toda obra, Francisco (famoso Chico Caspinha) e sua esposa Marisa, o prof. Cláudio Barros, minha sogra Maria Ferreira, Halisson da Way, Zizico Barbeiro, Dênis Gutermberg, Caio César, Dadinho, Ivania Costa, o dentista Ricardo Miranda, a zelosa Daniela Coutinho, enfim, que fantástico,  muitos são os nomes que poderiam ainda ser citados.
Se os seres humanos nascem bons ou maus, é uma eterna discussão filosófica, mas que de fato muitas pessoas, cada uma da sua forma e estilo, são exemplos a serem seguidos, isto são. Cabe a nós valorizarmos estas pessoas para que, como dizia o poeta, elas não sintam vergonha de serem o que são. Que reine a meritocracia!
Artigo publicado no Jornal Diário de Caratinga, 26/01/16.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Artigo no Jornal Diário de Caratinga

A cartografia na história da humanidade

Um dos fatores que impulsionam a evolução humana é a necessidade de apresentar respostas para intermináveis questionamentos. Entre estas inquietudes observa-se o querer decifrar o próprio habitat humano. Desvendar, entender e descrever a gaia tornou-se uma necessidade humana, tanto em âmbitos intelectuais quando em termos de sobrevivência.
Desde os primórdios pode-se perceber as várias formas que o ser humano tenta aperfeiçoar para demonstrar as características do planeta. Ao descrever o espaço por ele habitado o ser humano sente-se seguro e ao mesmo tempo apto a galgar novas possibilidades de avanços. Visto que nos dias atuais já ultrapassamos as fronteiras do próprio planeta permitindo-nos observá-lo do espaço.
De acordo com o cartógrafo José Flávio Morais Castro (2012) “desde os povos primitivos comprova-se a existência do uso da cartografia. Mapearam abrigos, as trilhas para a caça, e as rotas de navegação. Portanto mapear ou representar o espaço são fatos que acompanham a humanidade desde o seus registros mais primórdios”.
“A produção de mapas ocorre desde a pré-história, antes mesmo do surgimento da escrita. Sua confecção se dava em placas de argila suméria e papiros egípcios. Ao longo da história a cartografia foi evoluindo e desenvolvendo novas técnicas e, atualmente, é uma ferramenta de fundamental importância nas representações de áreas terrestres”, acrescenta Wagner de Cerqueira (2010).
A Cartografia é criada, portanto, envolvida com este objetivo, de ser um recurso no qual o ser humano poderá demonstrar os seus conhecimentos sobre as características do planeta, e a partir destas representações permitir que se possa ter análises e interpretações sobre diversos temas pertinentes à vida humana e ao próprio planeta. De acordo com a Associação Cartográfica Internacional, a cartografia “é definida como o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas baseado nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à elaboração e preparação de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como sua utilização”.
Assim, desde as pinturas rupestres, uma das primeiras formas de registro e comunicação, bem como de representação o espaço, que os seres humanos tentam, mesmo que de forma rudimentar, comparando com as tecnologias existentes no mundo contemporâneo, representar o ambiente.
São conhecidas várias técnicas desenvolvidas pelos povos antigos com este fim, representar o espaço. Os povos Sumérios usaram de placas de barro para as suas formas de representações da região da Mesopotâmia; Os esquimós e astecas usaram pedras, criaram maquetes, começaram as representações em relevo; Os chineses e egípcios mesclam novas funcionalidades e técnicas aos mapas, além de servirem como representações do espaço são usados como um recurso de demarcação de terras, cobranças de impostos, uso em guerra, começam a unir o conhecimento geométrico ao cartográfico.
Os povos gregos, através do uso da trigonometria, possibilitam o desenvolvimento de novas técnicas a serem usadas na cartografia. As técnicas inventadas por estes povos são a base da cartografia contemporânea. Todo o conhecimento permeado por estruturas e conceitos matemáticos desenvolvidos pelos povos gregos tornaram-se os pilares analógicos das representações geográficas do espaço.  Para José Flávio Morais Castro (2013) “a exatidão dos mapas históricos vem sendo avaliada nas pesquisas em Cartografia Histórica por meio do uso de técnicas de geoprocessamento.” E ainda segundo Castro, “entender os mapas históricos em diferentes contextos espaciais e culturais pressupõe o entendimento das diversas informações representadas graficamente nos documentos, bem como a variedade de técnicas utilizadas na produção”.
Ao observar a história da humanidade perceberemos que vários povos e pensadores contribuíram significativamente para o desenvolvimento da cartografia. Ptolomeu, no século II, com a teoria de representação esférica do globo e Mercator, no século XVI, com as teorias de como representar a terra em uma superfície plana estão presentes até os dias atuais em qualquer análise geográfica do espaço.
Mas a própria cartografia, por meio dos seus representantes, passou por uma mudança de percepção do espaço, além de representar os aspectos físicos do planeta (relevo, vegetação, hidrografia, clima) passou a contribuir com o processo de mapeamento das ações humanas no globo. Os cartógrafos contemporâneos ao analisarem o espaço começaram a mapear as suas percepções sobre as atividades humanas, sendo elas de ordem ambiental, cultural, social, econômica, religiosa… enfim, os mapas passaram a representar, além dos aspectos físicos do planeta, as diversas dimensões da vida humana em relação ao espaço.
Em paralelo a esta nova forma de trabalhar a cartografia observa-se o advento de novas técnicas, que resultam no surgimento do geoprocessamento. Uma técnica que através do processamento de dados, utilizando-se dos recursos da tecnologia da informação, procura demonstrar por meios digitais o conhecimento cartográfico que até então era realizado de forma analógica. O processo manual de coleta, análise e elaboração das representações cartográficas, brilhantemente desenvolvido pelo trabalho de Bertin (1967) como o passar do tempo vai sendo substituído gradativamente pelo processo computacional, representada pela cartografia digital. Lembrando que o processo de análise nunca deixará de pertencer ao pesquisador, por mais que o processo computacional permita outras possibilidades de se trabalhar com os dados pertinentes à pesquisa em voga.
As diversas interfaces, encontradas em vários programas computacionais, permitem que as informações espaciais possam ser tratadas de forma dinâmica e com maior precisão de detalhes. Colaborando para que as pesquisas geográficas encontrem resultados cada vez mais significativos. O pesquisador da UNICAMP, Alysson Bolognesi Prado diz que, “o desenvolvimento da tecnologia de informação nas últimas décadas tem oferecido oportunidades de melhorar dramaticamente o processo de tomada de decisões e resolução de problemas no domínio geoespacial.”
Representar o espaço é uma prática que acompanha a humanidade desde os primórdios e que vem desenvolvendo-se em consonância com a própria evolução humana.
A contemporaneidade é marcada pelo uso do Geoprocessamento e a Cartografia que está muito presente no cotidiano de todos nós, seja para alguma atividade profissional ou pessoal. Notamos o uso do GPS, a internet com os inúmeros aplicativos de mapeamento e rotas, softwares, smartphones, tablets, notebooks, imagens de satélites, bancos de dados, entre outras, contribuíram para o acesso, difusão e aplicação da milenar arte de mapear.
* Walber Gonçalves de Souza é professor do Ensino Fundamental, Médio e Universitário na Fundação Educacional de Caratinga/MG. Graduado em História, Especialista em Ciências do Ambiente, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade e Doutorando em Geografia – Tratamento da Informação Espacial pelo Dinter PUC-MG/UNEC.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Artigo no Jornal "A Semana".

A FORÇA DO HÁBITO
Prof. Walber Gonçalves de Souza

O ano está começando e com ele a hora de colocar em prática todas aquelas promessas que fizemos nas festas do fim de 2015. Talvez não consigamos realizar todas mas a princípio fazem parte dos nossos objetivos para 2016. 

Acredito que muitos destes pedidos feitos por todos nós, são bem parecidos. Queremos e sonhamos sempre por dias melhores, por novas oportunidades, que os nossos problemas coletivos; cito a violência, corrupção, pobreza, falta d'água, entre outros, sejam resolvidos. Enfim, queremos sempre uma sociedade melhor, mais justa, fraterna, onde cada um de nós possa viver sem medo, sem desespero, e claro, com dignidade.
Mas algo esquisito parece acontecer com a sociedade quando generalizamos. Todos os anos, aparentemente fazemos os mesmos pedidos, isto nos permite concluir, que eles não foram solucionados. Mas por que acontece esta situação? Qual é o X da questão? Por que os nossos sonhos, os nossos pedidos, ficam presos na teoria do desejo, mas não se transfiguram na realidade concreta, que é a vida de cada um de nós?
Várias respostas poderiam ser dadas, pois a questão é complexa. Mas penso que entre elas chegaremos a uma: a força do hábito nos impede de mudar. Isto mesmo, a força do nosso hábito, que são as nossas manias, nossas crenças, nossos jeitos, impede-nos de vislumbrar coisas novas, portanto, de mudar. Quem é que nunca ouviu as seguintes expressões: eu sou assim; sempre faço desse jeito; aprendi assim. Elas reforçam a necessidade de antes de querer mudar qualquer coisa, devemos começar por nós mesmos. 
Assim, queremos o novo mas como nossas atitudes são sempre as mesmas, acabamos chegando sempre no mesmo resultado, que é a ausência da concretização daquilo que queremos. Como podemos ter um resultado diferente se agimos sempre da mesma forma? Acredito que fica difícil, pra não dizer, impossível!
Portanto, se você observar bem, boa parte dos nossos problemas, para serem resolvidos devem começar primeiro, com a gente mesmo, com a coragem de mudar as nossas atitudes. Chega de esperar que o outro mude, que o outro faça. Não dá mais para pensar que somente os outros estão errados e que precisam mudar. O mundo, a nossa cidade, precisa de mudança de postura, de atitude. Senão ficaremos eternamente fazendo promessas e sendo ano após ano consumidos pelas mazelas que fingimos não querer acreditar que todos nós também somos responsáveis por ela. 2016 é o ano da atitude, da mudança, do início da construção dos nossos sonhos. Vamos! Acredite, podemos mudar, colaborar!

Artigo publicado no jornal "A semana", no dia 25/01/16.